domingo, 22 de junho de 2014

Jardim zen


Dar um bordado a alguém é um presente que ofereço a mim mesma. Ao procurar o risco, geralmente já tenho em mente o jeito da amiga, seus gostos, seu temperamento. Aí começa um outro aprendizado: fazer com que o trabalho reflita uma característica especial da amiga que será presenteada. 

Joana parece um lago profundo. Fala pouco e em voz baixa, mas percebe tudo em volta. E procura colocar em tudo o que vê um pouco do budismo que cultiva. Por isso escolhi fazer para ela uma almofada que representasse um lugar - físico e espiritual. Joana sente-se bem a sós, o que é raro, então pensei num banco de jardim em meio ao silêncio. Mais uma vez encontrei na internet o risco de um jardim visto do alto. Marô adaptou e semeou algumas flores. De onde Joana vier, encontrará um local que estimula a paz de espírito. É o que desejo.


Para saborear, para acalmar, para ungir, para refrescar. 

Uma paixão bem crazy

crazy é um tipo de bordado aparentemente desordenado, por isso tem esse nome, que significa "louco". Realmente não há um risco formal, mas sim um tema, que, como numa música, pode ser trabalhado. Quando vi pela primeira vez um crazy quase pronto, da colega Suzana, me apaixonei completamente e parti para fazer o meu. Escolhi, como ela, cores pastéis. Como a paixão era grande demais, resolvi bordar um enorme, que mede 70cm X 1,40cm. Bordei e rebordei durante 9 meses, e, como numa gravidez, muita gente acompanhou e comemorou comigo o resultado final.


Nesta foto estão comigo: Patrícia, Leandra, Ruth, Chalita, Martinha, Max e Jussara. Todas elas acompanharam, opinaram e gostaram do resultado. Meu trabalho ganhou ainda uma bela moldura concebida e feita pela Lígia, da Rota do Quilt. Ele enfeita a parede sobre a mesa em minha casa. Abaixo, alguns detalhes:









Tudo aqui é feito de rendas de todo tipo, antigas e novas, mas somente de algodão. Com meu trabalho fui a vários lugares, inclusive aeroportos e hospitais. E aeroportos são lugares de esperar, tudo demora horas. Pude perceber, então, como o fato de ver alguém bordando mexe com as pessoas. Aos poucos elas se aproximam e começam a falar. Sempre há uma tia, uma avó, a mãe, que também bordava. E as lembranças são sempre doces, vindas da infância. Costumo ouvir relatos que aos poucos vão se transformando em confidências, talvez porque, ao bordar, mantenho a cabeça baixa e não há troca de olhares. Não é o máximo ter o poder de colocar alguém para falar só de ficar quietinha e calada, apenas manuseando fios coloridos?